Antes de ver pela ótica do Vítor o início dos males que o levou ao fim de seu corpo físico, vale a pena ler pelas palavras de sua mãe o verdadeiro início, quando ela soube da gravidez e mais outros detalhes.
"Essa quem lhe escreve é a mãe do pequeno grande guerreiro Vitor.
Hoje acordei com o pensamento cheio de lembranças de meu querido, amado e inesquecível filho. Mas antes de falar mais sobre ele, achei que deveria contar-lhes um pouco de mim e de como o Vitor chegou em nossas vidas, isto é, de seu nascimento, pois este mês é o mês do aniversário deste grande guerreiro que, se estivesse aqui, estaria completando seus quinze anos de vida. Por isso achei que deveria falar sobre sua vinda para este mundo.
Na época eu tinha vinte e três anos e o Carlos trinta e três, nós namorávamos há apenas dois anos, mas estávamos muito apaixonados, sempre falávamos em ter filhos e o desejo do Carlos era ser pai. Apesar do Vitor não ter sido planejado, foi um filho que nós dois queríamos muito ter e o amamos desde o exato momento que descobrimos que eu estava grávida em 17 de março de 1995. Sem contar que, no dia 03 de março, eu já havia feito um exame e tinha dado negativo e então ficamos muito triste e, depois de 14 dias que repeti o exame, pois o Carlos me pediu que fizesse um exame de sangue, só então foi confirmada a gravidez para nossa alegria. Neste mesmo ano, no dia 03 de junho de 95, nos casamos e o Vitor já estava com a gente, tive uma gravidez tranqüila e preparamos tudo com muito amor e carinho para sua chegada, morávamos numa casa de aluguel que só tinha um quarto e então o bercinho do Vitor era do lado de nossa cama e ele dormia pertinho de mim. Ah! Que saudade!
Bem, então como era meu primeiro filho, decidi que iria esperar para ver se o Vitor nasceria de parto normal. Chegando o mês de outubro já estava tudo pronto para a chegada do Vitor. Um mês muito bonito particularmente para mim, pois é o mês de Nossa Senhora Aparecida, o qual eu e meu esposo somos devotos e, coincidência ou não, o Vitor sempre gostou muito de Nossa Senhora e, sempre estava colocando suas fitinhas no braço e fazia seus pedidos, principalmente no período de sua doença, é também o mês do dia das crianças e o aniversário de nossa cidade chamada Cerqueira César-SP.
Na verdade, o Vitor estava previsto para nascer no mês de novembro, pelas contas do meu médico, mas o Vitor adiantou quinze dias. Me lembro que comecei sentir-me mal uns quatro dias antes dele nascer, fui para o Hospital de Avaré-SP e até me prepararam para fazer o parto, mas ainda não era a hora e o médico me mandou de volta para casa e disse que era para eu prestar atenção aos movimentos do meu bebê, ou seja, do Vitor. Eu e o Carlos ficamos muito preocupados e, então, eu colocava um palhacinho que tocava musiquinha em cima da minha barriga para que o Vitor ouvisse e assim ele mexia e nós nos acalmávamos.
No dia 24 de outubro, passei por consulta médica e, então, foi colhido o líquido da placenta o que indicou que estava na hora do Vitor nascer. Fui internada para ganhar o Vitor de parto normal, mas eu não estava tendo dilatação e, o Vitor e eu começamos a sofrer, então a cesariana teve que ser de emergência e foi assim que o Vitor nasceu no dia 25 de outubro de 1995, às 03h15min, pesando 2.950 gramas e com 46 centímetros. Nem pude ver ele direito pois ele teve que ir rápido para o bercinho aquecido. Quase o perdi no dia que ele nasceu, mas sua missão ainda era um pouco maior e eu tive a benção de ter meu filho comigo por 12 anos e 11 meses. E é por isso que hoje vocês estão tendo a oportunidade de ler sobre meu filho Vitor, porque ele nasceu, viveu, foi muito amado, feliz, muito amou e muitas alegrias no deu, mas infelizmente sofreu com sua doença, a qual o levou tão cedo de nós, mas ele muito nos ensinou e uma grande lição de vida a todos deixou.
Um detalhe muito especial foi que quando soubemos pela ultrassonografia de que iríamos ter um menininho foi que o Carlos, mesmo antes do Vitor nascer, comprou para ele a camiseta oficial do Palmeiras. A camisetinha do Verdão ficava dentro do bercinho do Vitor a espera do pequeno Palmeirense. Vitor tem muitas fotos com este camiseta que foi a primeira camiseta que ele vestiu. Sua irmã Vivian também já usou a mesma camiseta e, até a Clarinha que nasceu em 19 de janeiro deste ano, pode também vestir a mesma camiseta que seu irmão Vitor ganhou de seu pai, há quinze anos atrás.
Vou enviar fotos dele e de suas irmãs, com a mesma camiseta, assim que possível.
Como pode ver, Vitor já nasceu Palmeirense e suas irmãs também.
Com todo o meu amor e carinho de mãe, escrevi estas palavras com o coração cheio de afeto e saudades, de um tempo que nos foi tão especial e que, nem mesmo a distância e a morte do corpo físico de meu filho, (porque acredito que o espírito dele está vivo, esteja onde estiver, estará sempre ao meu lado para me dar forças a continuar a minha missão de mãe), poderá apagar ou fazer-nos esquecer do imenso amor que sentimos um pelo outro.
Foi com o Vitor que me tornei mãe pela 1ª vez e, foi com ele que aprendi a ser mãe e, tenho certeza que fiz o melhor que pude, sempre procurei passar bons princípios e valores para ele, ensinando a respeitar desde pequeno os animais, os mais velhos, etc... tendo sempre respeito pela vida. Éramos felizes com coisas simples, como brincar em um parquinho, ir a prainha, tomar café e almoçar na casa da vó Maria e brincar com seus primos no quintal da casa de sua avó e vô Zé e, também de ir de pescar com seu pai e avô Zé.
Também, sempre rezávamos juntos antes de dormir, uma oração para o anjo da guarda dele.
Sou Viviani, filha, esposa, mãe amorosa e dedicada e é claro Palmeirense!
Obs: outro dia escreverei mais.
Cerqueira César-SP, 14 de outubro de 2010."
Emocionante, para dizer o mínimo, mas agora vamos para a continuação do texto de nosso guerreiro.
"O Começo de Tudo
No dia 25/04/07 eu fui para Escola, até o recreio estava tudo normal, chegou as duas últimas aulas de história, a aula que eu mais gosto, com minha professora Neiva, eu já comecei sentir algo de estranho nas minhas pernas, eu pensei que fosse cansaço.
E voltando para minha casa, eu fui brincando que eu era um bêbado, porque eu ia tropeçando em qualquer coisa. Então decidi passar na casa da minha avó e de meu avô, minha avó pegou um aparelho de fazer massagem e passou nas minhas costas pra ver se melhorava a dor, depois disso aproveitei que meu primo Renatinho estava na minha vovó e joguei bola com ele, mesmo estando com as pernas bêbadas consegui jogar, até ganhei, mas levei uns “frangos”.
Depois paramos de jogar bola e fomos jogar um jogo de tabuleiro, depois minha mãe me levou para o hospital, para o doutor me ver e tentar descobrir o que seria a dor. O nome dele era Doutor Carlos, ele falou que era dor muscular, além disso, lá eu vi um homem que se engasgou com um osso de porco e, precisava fazer uma cirurgia para tirar, me deu calafrios de ver aquilo, depois fui embora.
Dormi, acordei no outro dia com as pernas muito bambas, quase caindo e cansando muito para andar. Minha mãe ligou para tia Léia e combinaram de me levar para o hospital de Avaré para os médicos me verem. No hospital, titia Léia teve que me levar no colo até lá no hospital, o médico deu umas marteladas no meu joelho, para ver o meu reflexo. Ele me encaminhou para uma Clínica que não deu muito certo, estava cheia.
Daí me levaram para uma outra Clínica particular, o doutor me viu andando e, de cara falou que tinha algo comprimindo a minha medula e, poderia ser uma hérnia de disco. Minha mãe ficou muitíssima preocupada comigo, já ligou para tia Vânia, para sua mãe e para todo mundo dando a notícia, daí o doutor já pediu uma ressonância magnética de situação de emergência para o outro dia; então eu faria a ressonância magnética.
Voltei para casa e tomei um banho, comecei a receber visitas de tios e avós; depois comi uma comida muito boa que minha mãe preparou para mim. Fui dormir, acordei a noite com dor nas costas, não podíamos fazer nada para melhorar, só no outro dia eles me levariam para Botucatu, fazer a ressonância magnética para ver o que ia dar; foi difícil dormir, mas consegui. No outro dia, acordei sem conseguir andar direito; mamãe e papai ficaram desesperados comigo, então, fomos eu, tio Zezito, papai e mamãe para Botucatu, bem cedinho, para ser consultado pelos médicos de lá.
Cerqueira César - SP, 01/05/2008.
Vitor Lovison do Amaral {12 anos}"
Meus amigos, se quiserem, podem enviar um e-mail pessoal aos pais do Vitor, Viviani e Carlos, pois eles ficarăo muito felizes.
carlosalbertodoamaral@hotmail.com
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