Via com certa desconfiança a contratação de Muricy Ramalho pela diretoria alviverde. Logo com a demissão do ex-técnico Pokerstar, a diretoria empenhou-se em contratar o recém demitido bambi.
A diretoria de futebol respeitou o tempo de descanso pedido pelo técnico e na outra semana tentou-se um acerto. Neste meio tempo a torcida colorida criou um site pedindo o retorno do técnico enquanto a alviverde pedia a contratação.
Para alegria de alguns e tristeza de muitos, não houve acerto financeiro (será?). Com isso, Jorginho que já estava cumprindo sua interinidade continuou com o comando da equipe, conquistando as vitórias e colocando o time pra jogar alegre e com um empenho extraordinário.
Numa semana de partidas duríssimas contra Goiás e gambás e com a torcida já acostumando com Jorginho no comando da equipe, veio o anúncio do acerto com Muricy.
Naquele momento me veio à cabeça sua história colorida, o caso pilha, o caso gás. Como um cara que até outro dia treinava nosso maior inimigo poderia ser nosso comandante? O trabalho do Jorginho seria jogado no lixo? Respostas difíceis.
O time perdeu de virada e roubado em Goiânia e na sexta Muricy foi apresentado à impensa. Na coletiva uma cara sisuda, pensando em cada palavra e em certos momentos um certo desconforto. Mas houve algo que me despertou a empatia, foi quando num determinado trecho da entrevista comentou sobre sua demissão e o rápido acerto com o novo treinador em seu ex-clube. Neste momento percebi sua indignação e a ingratidão dos antigos chefes. Percebi que ele trabalharia com sangue nos olhos, pra mostrar à todos o seu valor.
Na viagem para Presidente Prudente, o mal tempo impediu que os jogadores e comissão técnica viajassem de avião e o que poderia ser um desgaste físico e emocional, tornou-se um ótimo momento para conhecer de perto o elenco.
Conquistou meu apoio incondicional a partir do momento da comemoração dos gols. Não foi uma comemoração teatral, aquilo foi real, deixando extravasar toda sua alegria com a vitória. Transpareceu que não estava pegando qualquer clube, mas um clube capaz de dar a ele mais um título. Título este que não será conquistado com baixarias extracampo, mas apenas com um trabalho honesto e desafiando os barões da mídia e do poder.
Muricy conhecerá o que é dirigir a Sociedade Esportiva Palmeiras, um clube fundado por italianos, que tem sangue quente correndo nas veias e alamedas do Palestra Itália. Em algum momento terá de suportar a corneta da Turma do Amendoim e a pressão das organizadas, mas em todos os outros, terá ao seu lado uma torcida que canta e vibra, que se faz presente não só nos momentos de moda, pois a modinha é passageira.
Muricy até hoje mostrou que é um técnico vitorioso pelos clubes que dirigiu, mas a partir deste momento, sua experiência e trabalho aliados ao comprometimento e disposição que este elenco demonstra a partir da demissão do Pokerstar, o tornará não mais num técnico vitorioso, mas num técnico que o tornará com a alma e áurea de campeão.
Desde a última segunda, inicia-se um novo ciclo nas vidas de todo o palestrino e porque não, do mais novo deles, Muricy Ramalho.
Um comentário:
Parabéns pelo texto, belíssimo, objetivo e poético.
Postar um comentário